A ação de avaliar

21 de junho de 2023 - 15:21 # # #

Fernando Brito - Assessoria de Comunicação - (85) 9.9910.3443
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Compreendo que a ação de avaliar nunca foi e jamais será simples. Ela é complexa na medida em que a avaliadora e o avaliador lançam olhar sobre o outro e, a partir dessa olhar, registram o que observaram, com imparcialidade e sem julgamentos.

Avaliar é, antes de tudo, uma ação pedagógica. A partir dela, é possível ter clareza sobre o tipo de escola que estamos oferecendo á sociedade.

Por esse motivo, chegar à escola com postura autoritária, certamente não abrirá caminhos para o diálogo. Entendo que a partir desse diálogo é que poderá surgir a avaliação criteriosa e responsável, aquela que identificará as forças e, também, os limites da escola, aquilo que é visível e, também, o que não está visível.

Na minha compreensão, avaliar uma escola não é simplesmente medir os aspectos fragmentados que ela apresenta, mas, antes representa uma ação articulada que levará ao conhecimento das diversas dimensões da instituição: como se comporta a gestão escolar, como se dá o fazer pedagógico e quais as condições de conforto da infraestrutura. O olhar técnico, ético e, também, pedagógico sobre as dimensões comporá uma avaliação criteriosa e responsável.

Cabe ao avaliador e à avaliadora identificar aquilo que é visível na escola e penetrar nos seus “segredos” para dimensionar, com responsabilidade social, as condições pedagógicas da instituição para que ela possa cumprir o papel que se impôs realizar.

O que quero dizer é que o papel da avaliadora e do avaliador é muito maior que preencher um instrumento e elaborar um relatório. Este deve, sim, ser preenchido com rigor, pois trará a realidade da escola expressada no seu projeto pedagógico, plano de curso, nas condições físicas do prédio, laboratórios, biblioteca, etc. mas, sempre permeado pelo que é subjetivo. É esse casamento do objetivo com o subjetivo que dará á conselheira e ao conselheiro os elementos necessários para que emitam seus pareceres, atribuindo às escolas um selo de qualidade.

Paulo freire, mestre e líder da e na educação, diz em seus muitos ensinamentos, que educar é ato de amorosidade e de afeto.

A amorosidade em Freire é a ferramenta mais poderosa do ensinar e do aprender. Comungo com ele essa premissa e entendo a escola como espaço de convivência amorosa que tem como principal papel desenvolver o ensino e a aprendizagem que se darão em uma relação de busca, de curiosidade, de esforços e desejos comuns.

É fundamental compreender que a avaliação é um ato de responsabilidade. estamos falando da formação de jovens que vão atuar como profissionais na relação com outras pessoas. Ao credenciar uma escola e reconhecer seus cursos, o Conselho Estadual de Educação do Ceará (CEE) está atestando que aquela instituição está apta a formar técnicos em enfermagem, em segurança do trabalho, em saúde bucal, em transações imobiliárias, em veterinária, em secretaria escolar, em nutrição, em análises clínicas, em radiologia, em massoterapia e tantos outros que prestarão serviços à sociedade.

Entendo que, no contexto da aprendizagem, a sensibilidade ao olhar está (inter) ligada a duas dimensões mais discutidas por freire: a alegria e a esperança. Há uma relação entre a alegria necessária à atividade educativa e a esperança do verbo esperançar. São esses os “segredos” a que me refiro. Ao olhar para as condições e oferta das escolas e seus cursos, é importante que a avaliadora e o avaliador vejam além das estruturas físicas, daquilo que está exposto. É importante que percebam as intenções pedagógicas e políticas da escola e o que o estudante significa para essa instituição.

Reafirmo para mim mesma, todos os dias, que a magia do ensinar e do aprender está no diálogo entre os atores do cenário educativo. Nossos jovens estudantes têm sonhos e cabe à escola estimulá-los pelo diálogo, porque é na relação humana que se expressa a mais verdadeira aprendizagem.

O que eu quero dizer é que o papel da avaliadora e do avaliador é muito mais que preencher um formulário. este deve, sim, ser preenchido com rigor, pois trará a realidade da escola: seu projeto pedagógico, o plano de curso, as condições físicas do prédio, os laboratórios, a biblioteca, etc. Mas, essa realidade deverá ser permeada pelo que é subjetivo. É o casamento dos aspectos objetivos com os subjetivos que dará á conselheira e ao conselheiro os elementos necessários para que emitam pareceres responsáveis, entregando á sociedade uma escola com selo de qualidade.

É fundamental que a avaliadora e o avaliador compreendam que os relatórios da avaliação são as peças que orientarão as conselheiras e os conselheiros a emitirem seus pareceres. Daí, a importância de, além de prender os instrumentos de avaliação com o rigor necessário, ouvir os sujeitos que fazem a escola: professores, estudantes, servidores, funcionários. Esse diálogo, certamente, trará vida e cor para os registros. É deles que poderemos extrair o cotidiano da escola em suas deficiências e potencialidades e terá sempre como norte a qualidade da formação, porque esse é um direito do estudante e um dever da escola.

Um parecer favorável do CEE atesta que os jovens formados por aquela instituição avaliada estão aptos a prestarem serviços à sociedade. estamos, portanto, falando de responsabilidade social e de realização pessoal.

Por fim, reafirmo que cabe à avaliadora e ao avaliador realizarem seu trabalho com ética, transparência, amorosidade, responsabilidade e competência.

Encerro minhas palavras com um poema de Mário Quintana – Duas Utopias

Se as coisas são inatingíveis…

Ora! Não é motivo para não querê-las…

Que tristes os caminhos, se não fora a presença distante das estrelas!

Professora Guaraciara Barros Leal

Conselheira do CEE e presidente da Câmara de Educação Superior e Profissional (Cesp) do órgão