A formação de professores em debate

25 de setembro de 2025 - 11:23 # # # #

Fernando Brito - Assessoria de Comunicação - (85) 3125.8974 / 9.9910.3443
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“A qualidade da aprendizagem combina com professores qualificados. O Brasil precisa cuidar melhor dos seus professores”. A avaliação é do professor Haroldo Corrêa Rocha, coordenador geral do Movimento Profissão Docente, uma coalizão de organizações do terceiro setor que atuam para a melhoria da educação e uniram esforços para a valorização da carreira docente e para o fortalecimento da atuação dos professores de todo o país. O professor foi convidado especial na 14ª reunião / 2025 do Conselho Pleno do Conselho Estadual de Educação do Ceará (CEE). O encontro foi realizado na manhã da quarta-feira, 24/9, no auditório da Escola de Gestão Pública do estado do Ceará (EGPCE), no Centro Administrativo do Cambeba, em Fortaleza-CE. Haroldo Correa Rocha proferiu palestra sobre o tema “A formação de professores”, ocasião em que defendeu o fortalecimento da profissão docente como o melhor caminho para elevar a qualidade da educação brasileira com equidade.

A reunião foi aberta pela presidente do CEE, professora Ada Pimentel. A gestora fez um breve relato sobre a questão da carência de professores no país, em especial no campo das novas demandas educacionais, como a educação digital. Ada Pimentel ressaltou: “estamos todos apreensivos com essa situação, que atinge todo o Brasil, mas não estamos desanimados. É preciso mudar o jeito de olhar para a profissão docente. Por isso, defendemos um pacto de superação em prol do incentivo à formação de professores, sobretudo para a educação básica, abrangendo as diversas áreas do conhecimento”.

Em sua fala para o público presente ao evento – conselheiros e técnicos do CEE, além de representantes das universidades públicas cearenses (Uva, Urca e Uece), da Secretaria da Educação do Estado (Seduc-CE), Uncme-CE e Sinepe-CE- , o professor Haroldo Corrêa Rocha fez, inicialmente, rápida explanação sobre o Movimento Profissão Docente, criado em 2017. Em seguida, discorreu sobre a formação de professores, destacando que “há muitos caminhos para transformar a educação. Todos passam pelo professor”. Ele enfatizou que “professores transformam a educação, atuando em seu pleno potencial”.

Rocha enumerou os principais problemas que impedem o Brasil de ter excelentes professores, apontados através de estudos, pesquisas e entrevistas com especialistas nacionais e internacionais. São eles: a carreira não atrativa, a formação inicial deficitária, régua para entrada na profissão baixa, a formação continuada ineficiente e a carreira não estimulante e as condições de trabalho ruins. Neste aspecto, o especialista defendeu a formação inicial do docente atrelada às necessidades da educação básica, a partir de atividades curriculares que promovam a integração entre teoria e realidade escolar e colaborem para um futuro professor reflexivo e ativo.

O palestrante mencionou, ainda, que é fundamental que os futuros professores vivenciem estágio qualificado em escolas de educação básica, com experiências práticas focadas nos desafios da profissão docente, com apoio efetivo de supervisores da instituição de ensino superior, mentoria de professores das escolas campo de estágio e incentivos para a permanência. Defendeu, também, a seleção qualificada de profissionais, através de concursos, com avaliação do conhecimento e das práticas docentes, considerando a necessidade de professores compatível com o número de estudantes nas escolas.

Rocha sugeriu políticas de formação que garantam condições para que professores aprimorem seus conhecimentos e habilidades em temas relevantes para sua prática diária e que considerem os desafios reais da sala de aula e as necessidades de aprendizagem dos estudantes. “Não se forma professores atrás de telas. É preciso aliar teoria e prática. Professor aprende com outro professor e com os alunos. Teoria não é suficiente para ser professor”, reiterou, lembrando a importância da remuneração atrativa para o docente, com carga horária que viabilize o tempo coletivo de planejamento e formação, dedicação do professor a uma única escola e progressão salarial alinhada ao desenvolvimento profissional. Ele ainda mencionou que problemas de saúde física e mental também são exemplos de problemáticas presentes no cotidiano das escolas brasileiras que influenciam na escolha de carreira de futuros professores.

Em que pese as dificuldades da profissão, o Brasil forma, hoje, 250 mil docentes/ ano, disse Rocha. “Contudo, o perigo do apagão de professores existe”, afirmou, referindo-se ao risco iminente de escassez de docentes qualificados na educação básica do país, cenários que pode se agravar até 2040. “O número de professores supera a demanda em muitos territórios, mas eles têm buscado outros caminhos”, apontou, aproveitando para elogiar a educação no Ceará, que, para ele, tem superado desafios, como manter as crianças na escola, garantir fácil acesso e permanência e buscado assegurar o aprendizado e o desenvolvimento de crianças e jovens. “Estamos com a mão na taça”, avaliou, enfatizando que “cara é a ignorância, não a educação” e defendendo um pacto pela formação qualificada dos docentes brasileiros, com incentivo à licenciatura e a valorização dos docentes da educação básica, inclusive através de iniciativas como bolsas. “É preciso foco nos estudantes, mas também os professores. Eles devem ser vistos como profissionais que precisa ter competências desenvolvidas e ter acesso a cursos profissionalizantes que possibilitem esse desenvolvimento”.

Ainda no encontro, representantes das universidades cearenses, do Sinepe-CE e conselheiros tiveram a oportunidade de externar opiniões sobre o tema abordado elo palestrante. Ao final da reunião, Haroldo Corrêa Rocha recebeu certificado de participação das mãos da presidente do CEE. Na ocasião, aceitou convite para participar de live no canal do CEE no Youtube, em data ainda indefinida, para levar a questão da formação de professores para educadores e futuros educadores cearenses.