Dia dos Professores – II
15 de outubro de 2024 - 11:52 #artigo #CEE #dia do professor
Fernando Brito - Assessoria de Comunicação - (85) 3101.2005 / 9.9910.3443
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Em data tão significativa, vamos refletir sobre esse ofício. O magistério não é uma profissão fácil. Pressupõe um tempo a que nenhuma outra iguala. Não é só durante a aula, nem mesmo durante o tempo em que está na escola que se lhe resume a tarefa. Leva-a para casa e para todo lugar que vai.
A professora ou o professor planeja suas aulas e isso não é tão simples, porque, por mais que os demais — e necessários — profissionais envolvidos (ainda bem que existem!) — supervisores, coordenadores e diretores — os apoiem quanto à orientação pedagógica, por mais que esta atenda às diretrizes recomendadas pelos parâmetros nacionais, é na relação professor e estudante, é na relação com a sala de aula que o professor deve basear seu planejamento, discuti-lo com a turma e construírem o melhor a fazer.
Daí a complexidade da profissão, pois cada estudante corresponde de modo diferente às atividades escolares. Cada um tem seu tempo e apresenta dificuldades distintas. Perceber a delicadeza dessas situações individuais e planejar e orientar ações para melhor atendê-las é o papel da professora e do professor em relação a cada aluna e a cada aluno.
É dessa particularidade da profissão, no mínimo, que se deve começar um amoroso diálogo sobre educação e não a partir das estatísticas que medem o rendimento escolar dos alunos em uma avaliação em massa, como é a imposta, por exemplo, pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e muito menos, nesta perspectiva, de seus “clones” nas esferas estaduais e municipais.
Não quero aqui tirar a importância desse tipo de avaliação imposto pelo Saeb e nem a importância do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), pois educação sem parâmetros perde o rumo. Não se trata disso. Busco tão somente esclarecer que considerá-los apenas e principalmente como forma de avaliar não só o aluno, mas também o sistema educacional é mascarar a realidade, é esconder a dificuldade que o professor enfrenta no seu trabalho.
Trabalho esse que não seria tão mais difícil assim, caso cada professor ficasse exclusivamente em uma escola e com turmas de vinte alunos. E que fosse melhor remunerado.
Acontece que o mestre, para ter uma situação econômica razoável, tem de trabalhar pela manhã, pela tarde e pela noite em várias escolas, com turmas numerosas de cinquenta alunos ou mais. Lidando com essa realidade, é impossível o professor ter uma leitura sensível do aprendizado de seus alunos. É rara uma escola que trabalhe com número máximo de vinte alunos por sala, e sequer há professor com salário digno, que lhe dê a tranquilidade e a condição para investir continuamente na própria formação — tão fundamental para a profissão. Quase todo professor do ensino fundamental ou médio que conheço está sempre em dificuldade financeira, com a garganta em frangalhos e, todo fim de semana, lotado de tarefas escolares para corrigir, provas para elaborar e pensando estratégias para saberem mais um pouco de seus alunos. Não fosse a dedicação dos professores e das professoras deste país, não sei o que seria da escola.
Para nossa satisfação, o Ceará tem conquistado avanços. Nossa tecnologia de ensino e aprendizagem tem servido de parâmetro para a política nacional de educação básica. Brasil afora, entretanto, as escolas públicas, que deveriam ser o parâmetro a ser seguido pelas particulares, ainda estão em processo de valorização.
Sigamos sempre com o progressivo aprimoramento da Educação do Ceará, em cujo âmbito o Conselho Estadual de Educação (CEE) tanto contribui para normatizar, deliberar, acompanhar e avaliar o Sistema Estadual de Ensino do Ceará para o desenvolvimento da educação com qualidade e equidade. No nosso estado, há compromisso com a educação pública e com a qualificação e valorização dos profissionais. Essas são, entretanto, conquistas ainda compensatórias de tanto tempo sem valorização, mas felizmente seguimos aprimorando, com muita luta e participação.
Os educadores precisamos, sim, estar unidos e comprometidos com a qualidade da aprendizagem das pessoas com quem trabalhamos. Isso não depende só de nós, pois, mais do que ninguém, sabemos o quanto contribuímos e do quanto se faz necessária uma gestão pública comprometida em promover a educação de qualidade em todo o país, em todos os níveis de ensino. E, reitero, em todos os níveis de ensino estão professoras e professores a lidar com alunas e alunos para desenvolver e mudar para melhor a realidade do nosso lugar. Sigamos conscientes de nossa importância e unidos na luta.
Kelsen Bravos
Professor