Salas de acolhimento garantem permanência de pais nos cursos

7 de janeiro de 2016 - 18:10

Sem as salas de acolhimento do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem Urbano e Projovem Campo), praticamente metade dos 125 mil alunos matriculados na edição 2014/2015 estaria fora dos cursos que visam à conclusão do ensino fundamental. Levantamento feito pela Diretoria de Políticas de Educação para a Juventude do Ministério da Educação aponta que cerca de 86,7 mil crianças usam o equipamento, criado para apoiar os estudantes do Projovem que têm filhos na faixa etária até oito anos.

Na edição atual, são 61,2 mil estudantes com filhos. “Dificilmente, esses pais e mães teriam como permanecer no curso, até a sua conclusão e certificação, sem as salas de acolhimento”, assegura a diretora de políticas de educação para a juventude, Cláudia Veloso. A estratégia implementada pelo MEC a partir de 2012 para o Projovem Urbano e, em 2014, para o Projovem Campo Saberes da Terra atende a uma demanda dos jovens que queriam retomar seus estudos, mas não tinham com quem deixar os filhos.

Essa foi a situação enfrentada por José Cláudio Carneiro da Silva e sua mulher, Edna Medeiros, que frequentam o curso do Projovem Urbano em João Pessoa. Abordado por uma técnica com a proposta de que voltasse a estudar, ele disse que não tinha com quem deixar as duas filhas, uma de quatro anos e a outra com pouco mais de um ano. Soube então que as crianças poderiam ficar em uma sala, adaptada à idade das filhas, na mesma escola, durante o horário das aulas.

Tanto José Cláudio quanto Edna retornaram aos estudos. E ele já pensa em cursar faculdade na área de computação. “O ambiente é espaçoso, e elas são bem atendidas”, observa. Ele acrescenta que, sem a sala de atendimento, nem ele nem a mulher poderiam frequentar o curso.

Cláudio trabalha como ajudante em uma loja de informática; Edna, em serviços gerais. “Pretendo continuar os estudos e até fazer faculdade porque a área em que trabalho hoje exige um grau de estudo que não tenho”, afirma o paraibano. À frequência à escola, José Cláudio alia um curso básico de informática. Ele diz que seu foco é a área de computação.

Permanência – Estudo da diretoria de políticas de educação para a juventude, ligada à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC, mostra que as salas são fundamentais para a permanência dos jovens até a conclusão do curso. Mas o impacto vai além da frequência escolar. É positivo também nas relações das crianças em suas escolas, em alguns casos com melhoria de desempenho, e na socialização com colegas e professores. Entre 2012 e 2014, as salas acolheram, aproximadamente, 100 mil crianças, envolvendo cerca de 2,4 mil educadores.

Com apoio técnico e financeiro do MEC, esses equipamentos são desenvolvidos por estados e municípios, que fazem adesão aos dois programas. Os recursos são destinados à contratação de até dois educadores para cada sala, aquisição de gêneros alimentícios e de material apropriado, como tapetes, colchonetes, brinquedos pedagógicos e fraldas.

A iniciativa não substitui a creche, a educação infantil ou o ensino fundamental e também não tem frequência obrigatória. E funciona nas escolas onde os pais frequentam os cursos. O Projovem é destinado a pessoas na faixa dos 18 aos 29 anos e tem duração de 18 meses.

 

Fonte: Portal do MEC