Fábulas e heroínas estimulam aprendizagem nas escolas

4 de dezembro de 2015 - 17:16

A educadora Nathalie Sena da Silva usou a atração dos alunos pelos animais para despertar o interesse pela leitura e pelo aprendizado. Oito meses após iniciado o projeto Se Liga na Bicharada, com um grupo de estudantes que apresentava distorção entre idade e série e déficit de atenção, eles escreveram a própria fábula a partir do livro O Sapo que Engoliu a Lua, de Celso Antunes.

Nathalie, da Escola Municipal Presbítero José Bezerra, de Recife, está entre os 30 educadores que receberam o prêmio Professores do Brasil, do Ministério da Educação, nesta quinta-feira, 3, em Brasília. Ela conta que os adolescentes, com idades entre 11 e 12 anos, eram passivos e mal conseguiam escrever o nome, mas se sentiam seguros e interessados quando falavam de animais. A professora decidiu então usar, durante as aulas, a publicação de Antunes, que fala de sonhos, otimismo, paciência, persistência e coragem.

“Eles não só criaram a própria fábula (O Sapo e a Escada), como escreveram cartas ao autor”, revela Nathalie Sena. Antunes apoiou a publicação da iniciativa. Os estudantes, que antes sequer conseguiam assinar o nome, participaram de noites de autógrafos. A experiência desperta o interesse de outras turmas da escola, situada próxima a comunidades carentes na zona oeste da capital de Pernambuco.

O efeito obtido pela educadora é exatamente o que o MEC procura identificar em todo o Brasil com a premiação: o rendimento dos alunos com as aulas. Essa é uma das exigências para participação no prêmio Professores do Brasil, que este ano foi integrado ao prêmio Gestão Escolar, promovido pelo Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed). Dessa integração resultou a iniciativa Educadores do Brasil.

Heroínas — Outro destaque da premiação foi a experiência da educadora María del Pilar Tobar Acosta com alunos do Centro de Ensino Médio de São Sebastião, região administrativa do Distrito Federal. O foco da iniciativa Heroínas sem Estátua foi instigar os alunos a conhecer personalidades femininas que estão fora dos livros didáticos.

Segundo Pilar, há uma lacuna nos livros didáticos sobre as mulheres. “Só vamos trabalhar com autoras de literatura, como Raquel de Queiroz [1910-2003] e Clarice Lispector [1920-1977], a partir do terceiro ano”, afirma.

Após uma abordagem sobre o universo feminino em sala de aula, a professora pediu aos alunos que representassem uma mulher em mais de uma linguagem. Ela trabalhou com 350 estudantes, em dois bimestres. Eles produziram obras de arte ou usaram fotografias e tecnologias para destacar as heroínas, que vão desde personalidades conhecidas mundialmente, como a mexicana Frida Kahlo [1907-1954], a inglesa Jane Austen [1775-1817] e a brasileira Chiquinha Gonzaga [1847-1935], até Tereza de Benguela, líder quilombola no século 18, ou mulheres que desempenham batalhas diárias, como a própria mãe.

 

Fonte: Portal do MEC