Educação Contextualizada é tema de reunião em Tamboril

2 de maio de 2014 - 11:22

Tamboril Conhecer o sertão em que vive, se identificar com ele, valorizar e permanecer nele. Essa é a proposta da Educação Contextualizada, que ocorre na rede municipal de educação deste município há cerca de sete anos. O método se expande para vários municípios da região e atrai pesquisadores do Nordeste e Sudeste do país.

Como parte da iniciativa, ocorreu o Seminário de Lançamento do Projeto de Educação Contextualizada no Sertão do Ceará. A meta é transformar o projeto em política pública no município e no País. Tamboril vivencia uma experiência educacional diferente por meio da Educação Contextualizada.
Alunos e famílias das escolas da zona rural são envolvidos em atividades modulares que valorizam e destacam o semiárido, facilitando o aprendizado e a convivência de todos nesta região, em que água não é um recurso de fácil acesso.

A Educação local já está praticamente universalizada com o método, restando apenas implantar em quatro escolas da zona urbana. Nas 41 escolas da zona rural, a experiência já faz parte do dia a dia de alunos e famílias. Ao todo são atendidos mais de cinco mil alunos da rede municipal. Prefeitos de seis municípios da região, secretários de Educação e educadores participaram do Seminário, além da equipe da Cáritas Diocesana de Crateús, entidade que iniciou o projeto e auxilia na implantação nos demais municípios. Presentes também representantes de entidades parcerias na execução do projeto, como Projeto Dom Hélder Câmara, Rede Brasileira de Educação do Semiárido Brasileiro (Resab), vereadores e sindicatos de trabalhadores. De acordo com o prefeito de Tamboril, Ramiro Júnior, o município encontrou o caminho na área e, no ano que vem, estará plenamente universalizado no âmbito da Educação Contextualizada. Para ele, o método valoriza o bioma Caatinga e o semiárido nordestino.

Diversidade

“O nosso bioma possui diversidade e riqueza. Essa visão de que só temos seca precisa ser desconstruída. O semiárido é vida e nele se pode viver, conviver bem e conquistar cidadania plena. O Projeto de Educação Contextualizada mostra isso e por isso acreditamos e implantamos em nosso município”, destaca. O gestor destaca ainda que o município já colhe frutos da proposta. É modelo no País, leva a experiência para seminários em outros Estados, atrai pesquisadores para conhecer e estudar a proposta, além de representar os municípios na Diretoria do recém criado Consórcio de Governança Cooperativa dos Municípios do Semiárido.

“Como o nosso trabalho é destaque nessa área, somos representantes da Educação no Consórcio dos Municípios do Semiárido e isso nos honra e destaca”, salienta Júnior.

Para a secretária de Educação de Nova Russas, Silvana Mendes, que aderiu à proposta e dá os primeiros passos com o auxílio da Cáritas Diocesana, a Educação rompe modelos tradicionais de educação, especialmente no âmbito da produção de livros didáticos. “Relembro Dom Fragoso, que foi o primeiro que disseminou esse projeto em livros. Os livros didáticos não mostravam nossa realidade do semiárido e com esse projeto de Educação Contextualizada isso é possível. Os nossos alunos aprendem de acordo com a realidade que vivem e não a realidade do sudeste e sul, que não é a nossa”, frisa.
Expedito Rufino, diretor geral do Projeto Dom Helder Câmara (PDHC), parceiro da Cáritas no Projeto, ressaltou a importância da Educação na garantia da sustentabilidade. “Educação e juventude garantem sustentabilidade e o Projeto atua nesse âmbito. A proposta é conviver com o semiárido a partir do seu desenvolvimento e organização. O problema hídrico é sério e essa consciência tem que estar dentro das escolas, na sala de aula e em seguida nas famílias, esse é o caminho. Espero que essa experiência se torne política pública”, frisa.
Conforme ele, por meio da Educação Contextualizada que se implanta nessa região, os jovens conhecem o mundo em que vivem e estarão aptos a irem para outros mundos de forma competitiva e saudável.
História

Em 2006, a Educação Contextualizada teve início em Tamboril por decisão da Secretaria de Educação. Em 2007, com o auxílio da Cáritas Diocesana, começou nas comunidades de Monte Alegre, Viração e Massapê. Nos dois anos seguintes foi ampliada com novos módulos e formações de professores.

A partir de 2010 começou a receber pesquisadores, realizar intercâmbios e fazer publicações, além de contar com o patrocínio da Petrobras. Do ano passado para cá, se expande para vários municípios da região. Segundo a Cáritas Diocesana, a Educação Contextualizada colhe frutos, é “a confirmação de um clamor e compromisso social que vem da realidade. Os pais contam com os filhos na construção de quintais produtivos, transformam as garrafas pet em canteiros e jardins; sonham em permanecer no sertão. Mesmo com tamanha seca houve redução nos processos de migração”, destaca a coordenadora, irmã Herbenia de Sousa.

 

Fonte: Diário do Nordeste