Capítulo Padre José Linhares

14 de janeiro de 2025 - 12:18 # # # # #

Fernando Brito - Assessoria de Comunicação - (85) 3101.2005 / 9.9910.3443
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A que se determina uma existência? É o que pergunto quando, na rotina cotidiana, a presença de uma gestante me ilumina o olhar. Ali, pois, no ventre, há um ser cuja existência há de se cumprir conforme os desígnios do Senhor da Vida e de tudo que há no mundo. Terá, entretanto, este ser o exercício do livre-arbítrio ― essa capacidade que temos de agir segundo a nossa vontade ―, uma vez que somos dotados de inteligência. E, em prece, rogo a Deus bênçãos à vida que se renova.

A que se cumpriu essa existência? É o que pergunto quando, na rotina cotidiana, me surpreende a passagem de um ser. De início, medito a partir do legado deixado pelo poeta inglês do século VXII, John Donne:

Toda a Humanidade é feita de um único autor e pertence a um único volume; quando um homem morre, um capítulo não é retirado do livro, mas sim traduzido para uma linguagem melhor, e cada capítulo desse modo será sempre traduzido. Deus se vale de vários tradutores; algumas peças são traduzidas pela idade, algumas pelas doenças, algumas pelas guerras, outras pela justiça, mas a mão de Deus está sempre em toda forma de tradução, e Sua mão sempre ata todas nossas folhas dispersas para que a biblioteca, onde todos os livros se encontram em paz, possa se abrir para os outros. (John Donne – Meditação XVII)

Num segundo momento, reflito sobre as escolhas do livre arbítrio ― este poder que nos faz coautor do capítulo de nossa existência. Elas sempre estão condicionadas pelas dificuldades das circunstâncias que exigem o melhor uso da inteligência ― este poder dotado de razão e de emoção, cujo ápice é a ética racional definida como inteligência emocional. Intuo: desde o nascimento até o momento em que somos “traduzidos para uma linguagem melhor”, constituímos importante contribuição para a humanidade. Cada um contribui segundo a sua capacidade.

Estou a compartilhar essa prece meditativa em razão da inserção do capítulo “Padre José Linhares” na compilação do Divino Livro Humano. Uma longeva existência (94 anos) marcada pelo compromisso social em tudo que fez, seja como sacerdote, filósofo, psicólogo, político, pedagogo ou professor. Exemplar filantropo, haja vista sua entrega na gestão da Santa Casa de  Misericórdia de Sobral e sua contribuição no Congresso Nacional, onde trabalhou pela garantia do financiamento e da sustentabilidade de todas as Santas Casas de Misericórdia e demais instituições filantrópicas de saúde do país e conseguiu articular políticas públicas e viabilizar recursos que ajudaram a manter o funcionamento de diversas unidades filantrópicas
em todo o Brasil, tão fundamentais no atendimento à população mais vulnerável.

No campo da educação, foi fundador da Faculdade Católica de Fortaleza, da qual, como reitor, reafirmou seu compromisso com a educação e formação de jovens para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Consciente da importância do fortalecimento do Sistema Estadual de Ensino no Ceará, Padre Linhares, quando presidente do Conselho Estadual de Educação do Ceará (2015 a 2019) visitou municípios, levando o Conselho a todo o interior. Hoje, temos uma instituição articulada com todos os municípios, a educação do Ceará integrada, forte e em constante aprimoramento. Em 2024, Padre Linhares, ao gravar depoimento para o documentário em comemoração dos 75 Anos do CEE, declarou “Aspiro que o Conselho seja como uma estrela luminosa a enriquecer as escolas do Ceará”.

Iluminado por essa aspiração, rogo a Deus pela “melhor tradução de Padre Linhares”. Sua existência, agora, compõe o Divino Livro Humano e, portanto, já não é ele. Agora, ele, definitivamente, somos nós. Em honra de sua memória, vamos fazer, cada vez mais, o CEE a estrela-guia da educação no Ceará.

Autor: Prof. Kelsen Bravos