Educação civil, nação amada, Brasil!
6 de setembro de 2024 - 10:36
Fernando Brito - Assessoria de Comunicação - (85) 3101.2005 / 9.9910.3443
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Em 7 de setembro, comemora-se o Dia da Independência do Brasil. A festividade tornou-se oficial pela lei imperial assinada por Pedro I, em 1826. No século XIX, comemorava-se essa data com manifestações espontâneas e sem formalidades. O tal desfile militar ocorria, quando muito, apenas nas capitais.
Pouco tempo depois, já no século XX, no contexto de guerra mundial, as nações promoviam desfiles militares para homenagear seus heróis e, também, mostrar o poderio bélico. Pairava no mundo o arraigado espírito nacionalista. Assim, nos anos de 1930, Getúlio Vargas promove, como ato de construção cívica, os desfiles, com a participação de militares e civis. Foi, entretanto, o general presidente Eurico Gaspar Dutra que tornou a data feriado nacional, com a promulgação da Lei n° 662/1949. Daí, então, os desfiles cívicos militares foram popularizados no país.
Minhas participações escolares no tal desfile cívico militar, por ocasião dos festejos da independência do Brasil, foram poucas, mas uma me marcou. Era, ainda, final da década de 1960 ou começo dos anos 1970. A escola em que estudava sempre primou em desfilar de forma marcante. Afinal, seu próprio nome lhe exigia dedicação a mais.
Lembro que eu e meu irmão fomos ao desfile de 7 de Setembro como soldados que acompanhavam o imperador Pedro I. Por determinação da escola, deveríamos ir paramentados de dragões da independência. Nós recusamos, com veemência, a imposição daquele uniforme estranho. Fomos sim, mas eu com a farda de coronel da Polícia Militar e ele com a de comandante do Corpo de Bombeiros.
Nossas vestes conferiram ao desfile um, digamos, cenário moderno. A farda do meu irmão até lembrava a dos dragões da independência, mas a minha predominava a cor cinza da calça ao quepe. Sapatos e meias pretos, camisa de manga comprida branca e gravata preta, ombreiras com as insígnias de coronel, luvas e espada, tudo isso no corpo de uma criança, com, no máximo, oito anos incompletos, destoava do colorido e garboso visual da guarda imperial.
Os uniformes de ambos foram inspecionados e autorizados pelo então comandante da Polícia Militar do Ceará, que era, também, meu vizinho. Talvez por isso, eu tenha batido o pé e querido ir vestido de coronel. Gostava dele. Foi quem me levou, pela primeira vez, a um jogo de futebol no Estádio Presidente Vargas. Assistimos, juntos, ao embate do glorioso Tiradentes contra o Ferroviário (mas, isso é outra história).
Pois sim. Embora ainda seja bem ventilado, em setembro já faz um sol daqueles. No asfalto, aquela vestimenta virou um inferno; mas segui, heroicamente, até o final. É só disso que lembro do tal desfile cívico militar e, para mim, não resta outro significado senão o de enfado. Mas, é fato que, por muito tempo, se não fossem pelas escolas e pelos militares, o Dia da Independência do Brasil não passaria de um feriado nacional.
O tal desfile militar, também conhecido como parada militar, feito pelas forças armadas, polícia, bombeiros e afins, convenhamos, é tradição. Todo ano acontece. Há quem ache até bonito. Deplorável é, entretanto, as escolas comemorarem o 7 de Setembro apenas com uma parada militar. Quando é que a Educação vai se tocar de que há muito este país deixou de ser um quartel?!
Precisamos de manifestações cívicas nas escolas, sim, mas científico culturais, para fortalecer pelo conhecimento o sentimento de pertença e autoestima de ser brasileiro. A escola deve estimular a pesquisa e discutir a história de nossa cidadania, para promover o amor à nação brasileira. Em quase nada um desfile militar promovido pelas escolas ajuda nisso. É muito mais coerente a escola se aliar ao conjunto de manifestações populares que ocorrem desde 1995 na semana e no 7 de Setembro ― Dia da Independência do Brasil.
Estou a referir O Grito dos Excluídos, um movimento que representa a luta daqueles que foram invisibilizados. A juventude da Nação Brasileira precisa saber que a Independência do Brasil tem de fato a cara de Cariri, a sua liberdade tem a força do Dragão de Aracati e que na história de sua luta devem prevalecer vozes Dandaras, Marias, Mahins, Marielles, Malês… Educação civil promove o amor à nação. Liberta.
Kelsen Bravos
Professor