Inovações no Ensino Médio: a vez da comunidade escolar

24 de janeiro de 2022 - 09:59 # # #

Fernando Brito - Assessoria de Comunicação - (85) 3101.2017 / 9.9910.3443
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O Conselho Estadual de Educação aprovou o Documento Referencial Curricular do Ensino Médio (DCRC) elaborado pela Secretaria da Educação (Seduc) para ser implementado, em 2022, nas escolas estaduais e dando às escolas da rede privada a prerrogativa de adesão ou de elaboração de seus próprios currículos.

O documento produzido fundamenta-se em importantes avanços que serão viabilizados a partir do envolvimento dos diferentes protagonistas escolares. Debatê-lo é vital para que possa ser entendido, criticado, refeito e vivenciado. No debate, alguns pontos são fundamentais. O primeiro é compreender que um currículo é vivo e jamais estará pronto, pois se constrói e reconstrói no fazer docente.

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), referência para a formulação do DCRC, este currículo rompe com o modelo tradicional de disciplinas e propõe o estudo por áreas do conhecimento, cujos conteúdos serão abordados de forma integrada, articulada e interdisciplinar. Quebra paradigmas históricos e altera a forma de organizar o ensino e a aprendizagem, rompendo com o jeito tradicional de ensinar e aprender.

O foco sai do conteúdo para o desenvolvimento de competências, soma de conhecimentos (saberes), habilidades socioemocionais (capacidade de aplicar esses saberes na vida cotidiana), atitudes (força interna necessária para utilização desses conhecimentos e habilidades) e valores (aptidão para utilizar esses conhecimentos e habilidades com base em valores universais, como direitos humanos, ética, justiça social e consciência ambiental).

Traz a Formação Geral com 1.800 horas e uma parte flexível com Itinerários Formativos, Projeto de Vida, uma segunda língua estrangeira (além do inglês), Componentes Eletivos e Trilhas de Aprofundamento, com 1.200 mil horas. As Eletivas foram pensadas para tornar a escola espaço de discussão e vivências sobre temas atuais e de interesse dos alunos. Há, ainda, a possibilidade de trilhas ligadas à educação profissional técnica de nível médio.

Caberá à escola comprometer-se com a inserção dos jovens no mundo do trabalho, com a valorização da cultura, o aprimoramento das relações sociais, o cuidado com as questões socioemocionais e a reflexão sobre o exercício político e a cidadania. O que o currículo propõe é nova significação na relação ensino e aprendizagem, agora entendida como indissociável. É consciência geral que, sem aprendizagem, não existe ensino. E que, em contrapartida, sem interferência do ensino, torna-se difícil a aprendizagem.

A escola decidirá sobre sua singularidade e contribuirá para a elaboração de consensos, a partir da crítica. Perguntas recorrentes: que pessoas queremos formar? Como a escola contribuirá para a transformação da sociedade, na perspectiva da justiça social?

Tal mudança não cabe nos modelos consagrados de formação inicial. Daí, a urgência de se pensar formação continuada que aprofunde e amplie conhecimentos, promova o engajamento dos professores na adoção de metodologias ativas e na utilização do ensino híbrido com consciência de sua responsabilidade social.

O caminho mostra-se longo e árduo. Mas, se não o palmilharmos, nada será alterado e aos estudantes será negado o direito de fazer suas escolhas e delinear seus projetos de vida. Essa é a proposta. Viável? Tudo depende de determinação, vontade, responsabilidade e coragem para mudar.

É hora de dar vez e voz à comunidade escolar.

Aurila Maia – Conselheira do CEE – aurilamaia63@gmail.com